sexta-feira, 7 de outubro de 2011

E essa sensação de fé?

Não poderia começar a escrever, sem antes perguntar aos paraenses.... O que é essa sensação que nos dá (para os católicos ou nem tão católicos assim) desde o final de Setembro para o início de Outubro? Acho que é aquela sensação que não se tem palavras para explicar, só mesmo se sentir, de tão maravilhoso que é... Esqueçamos por alguns segundos a parte ruim da história (os assaltos, as mortes e todas as questões violentam que cercam o páis) e nos centremos em uma pequena e forte palavra: FÉ! Meu Deus, me critiquem se quiserem, não estou nem aí, posso não ser a católica mais devota, posso não costumar a frequentar as missas, posso não fazer parte do MOJUVENA (Movimento Juvenil de Nazaré), posso e questiono mesmo muitas coisas religiosas, mas eu tenho a minha fé. Eu acredito acima de tudo em Deus e em Nossa Senhora de Nazaré. Faço pedidos, pago promessas, recebo graças, agradeço e no fundo dessa alma não praticante, existe alguém que hoje está eufórica... Fiquei analisando intimamente o que move a cidade nesse mês tão simbólico. Trabalho bem próximo a Praça Batista Campos e alguém já viu a nova iluminação da Praça? Meu Deus, tudo começou daí... Sabe quando você sai do trabalho, as 18:00hrs e tudo o que quer é ir pra casa descansar? Eu faço isso, mas tenho o prazer de ser contemplada com goticulas de chuva, a brisa da noite chegando e essa iluminação que ficou perfeita...Com os fones nos ouvidos (pela música e para não ficar ouvindo só buzina de ônbus e carros), não da pra ir pra casa sem sorrir, mesmo que meu dia tenha sido uma meleca!
Em seguida, começam o corre-corre dos preparativos do tão esperado "Natal dos Paraenses"... Corre ao supermercado, compra tucupí, vai no Veropa (Ver-o-peso), compra o pato, compra jambú, "menina não esquece a chicória e o alho", compra maniva, põe numa panelona pra ferver durante sete dias, vai e enfrenta filas gigantes de supermercados, enfrenta um transito caótico que lembraria a grande São Paulo, pra não se aborrecer, distrai-se olhando as placas dos carros de fora... Goiás, Tocantins, São Paulo, Rio Grande do Norte....Imagina-se quantas pessoas já chegaram, quantos familiares reunidos, quantos sorrisos em rever rostos de outras cidades (Porquê ô povinho receptivo é o paraense, heim?), quantas emoções, quantas histórias pra contar... (pausa para um suspiro)...Ahhh o Círio, o Círio de Nazaré, minha adorada "Nazica"... Eu não sei muito bem como explicar a ansiedade em que fico ao acordar cedo no sábado, ligar a tv (embora esse ano seja diferente pelo trabalho) ver a tua romaria fluvial, ver a moto romaria (poxa, esse ano não estarei na porta de casa para saudar-te) depois de um almoço reforçado, (no meu caso) um bom descanso para sair cedo, sentar no asfalto quente da Avenida Nazaré (Ou Magalhães Barata - Depende de onde eu vou conseguir pegar a corda esse ano) e conversar...Ouvir historias, promessas, choros, emoções compartilhadas por desconhecidos reunidos para celebrar o mesmo intuito: Uma graça alcançada! Ei, não te esquece de ficar de olho na corda, marca teu lugar... Depois, quando a missa começa, o terço está na mão, a voz é uma só, "Salve Rainha, Mãe de Misericórdia" e eeeii, olha a corda de novo...Começa o empurra empurra, o calor, o aperto, o sufoco, a escuridão da noite chegando, sendo ilumida pelas ruas da cidade e aquela, bem no centro, aquela da Berlinda, com aquela imagem, tão pequena, tão devota, tão sagradada... "Nossa Senhoraaaa, pode esperar, a tua corda vai chegaaar" Ahhh Nazica, tu que vai ali, me vigiando, é a força que me faz não querer desistir e lembrar que eu tenho muito é que te agradecer e pedir perdão, sabe! Vamos lá, unidos...Seguindo em frente...Corda vai, corda vem, tem aquele que desmaia (eu ja desmaiei em um ano) e as vozes não se calam "Ó Virgem Mãe amorosa, fonte de amor e de Fé, dai-nos a benção bondosa, Senhora de Nazaré" seguido de um delicioso "Viva Nossa Senhora de Nazaréééé" dos auto falantes dos guardas do círio e os romeiros respondendo "Vivaaaa"... Até lá, até o fim (SEM FACAS ESSE ANO MEU POVO) no fim, sempre dá pra levar um pedacinho da corda... Então, quando olho pra mim, a blusa esta esticada, a bermuda esta rasgada, os pés estão negros, esfolados, mas o meu sorriso está enorme em meu rosto e dentro do meu coração, existe aquela sensação de paz de "dever cumprido" e o que me resta, e refazer o percurso de volta pra casa, andando, rezando, agradecendo, completa e feliz, tomar aquele banho e dormir... No meu caso, não costumo acompanhar o Círio no domingo, (claro, ja teve trasladação que terminou quase 3 da manhã), mas fico em casa, vendo ela toda enfeitada, esperando os parentes, assistindo minha Nazarézinha da tv e agradecendo mais uma vez, mesmo com toda dor no corpo... A outra sensação maravilhosa é ver a minha família reunida (sempre gostei de almoços em família, Círio fica ainda mais especial) aquela pscina estrategicamente montada no quintal de casa, aquela molecada correndo, aqueles que estão crescendo, os parentes te elogiando (ou não), aquele abraço caloroso, aqueles presentes recebidos, aquelas comidas na mesa e aquele sorriso ou ajuda na porta de casa, oferecendo água aos romeiros que chegam cansados da mesma rotina que enfrentei na noite anterior...E depois? A chegada gloriosa da Maria de Nazaré a Praça Santuario.. Aqueles fogos, aqueles papéis picados, aquelas homenagens.... Não tem muita explicação. Acho que palavra alguma que eu poste em meu blog, será capaz de decifrar o que eu sinto nesse período... A esta ainda continua, como vc pode ver (clicando aqui) nesse roteiro do Círio, mas pra mim, os dias mais emocionantes foram os que eu citei...Nenhuma palavra será suficiente pra eu te fazer entender o quão especial, a minha mangueirosa Belém se torna no mês do Outubro. Eu não conseguiria, por mais que tentasse... Escrevo esse texto, com lágrimas nos olhos, porque acho que só quem já viveu, sabe do que eu estou falando... Para que me l...Um Feliz Círio e logo nos reencontraremos outra vez! E então, VIVA NOSSA SENHORA DE NAZARÉ!!!! VIVAAAA!!! 
Há quase três séculos, uma multidão de católicos preenche cada centímetro das ruas de Belém do Pará na maior procissão religiosa do Brasil e uma das maiores romarias do mundo: o Círio de Nazaré. - Imagens: Ozenildo Vieira(NILDO) / Edição: Guilherme Urner / Roteiro e Narração: Jorge Vidal / Produção: Francisco da Conceição e Rolando Peña Vega - BVA Banco de Vídeo da Amazônia

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